O segundo dia do seminário internacional “Contextos e Desafios para a Conquista do Trabalho Decente”, que aconteceu nesta quinta-feira (28), no museu Afro Brasil, zona sul da capital paulista, trouxe momentos emocionantes ao aprofundar o intercâmbio entre as culturas brasileira e africana que o 1º de Maio da CUT-SP irá promover até o Dia Internacional do Trabalhador.
No encerramento da atividade, além das mesas de debate, a Central promoveu a exibição do filme “Drum”, que trata da luta de um jornalista contra o apertheid. Ao final, crianças de escolas estaduais que participavam da oficina cultural “Nossa África” foram levadas ao auditório do museu para falar sobre a experiência pela qual haviam acabado de passar.
“Não sabemos muito da cultura africana, mas ela faz parte do nosso sangue. Em cada dança nossa há um pouco do país e eu fiquei muito feliz de saber mais”, disse Nicole Cristina, de 13 anos e cabelos loiros.
Um dos coordenadores do Teatro Popular Solano Trindade, grupo responsável por coordenar a oficina, destacou a relação entre 1º de Maio e o continente africano. “O primeiro trabalhador no Brasil era negro, africano, que foi raptado em seu país de origem para colocar em prática o que sabia sobre ferramentaria, carpintaria”, disse Vitor Trindade.
Para Raquel, mãe de Vitor e filha do poeta, pesquisador, teatrólogo e pintor Solano Trindade, a família mantém vivo o princípio que norteou o patriarca. “Pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte, dizia ele.”.
Diálogo com a África
Pela manhã, a delegação de entidades sindicais de 13 nações africanas que acompanharão a semana do 1.º de Maio fizeram um balanço da luta pelo trabalho decente em seus países.
Pela manhã, a delegação de entidades sindicais de 13 nações africanas que acompanharão a semana do 1.º de Maio fizeram um balanço da luta pelo trabalho decente em seus países.
Em comum, a descrição de um movimento sindical que começa a aprimorar a organização após anos de guerra civil e exploração colonial e a necessidade de estabelecer alianças com entidades como a CUT para avançar em conquistas como a organização no local de trabalho e um salário mínimo capaz de combater a pobreza e promover o emprego digno.
Membro da Confederação dos Trabalhadores Autônomos de Dakar, Mame Saye abordou o excesso de boas intenções no Senegal que não são colocadas em prática porque emperram na postura pouco democrática do governo Abdoulaye Wade. “Ao contrário do Brasil, não há vontade política e o movimento sindical ainda não é capaz de pressionar o suficiente para implementar ações efetivas. Da mesma forma, contamos com um conselho de diálogo social com o governo, no qual aprovamos compromissos, mas esses não são respeitados”, criticou.
A dirigente relatou ainda um processo muito semelhante ao que ocorre com várias entidades em nosso país. “O governo tem o poder de domesticar muitos sindicatos criando um montante de entidade sob as asas do poder.”
Quebrar também o machismo – Logo após a participação de Mame, o representante da Organização Africana da ITUC (Confederação Internacional dos Sindicatos), Joel Odigie,criticou o pouco espaço dado às mulheres no movimento sindical. “Quando os homens são os chefes de família, as trabalhadoras acabam isoladas do sindicalismo. Além disso, a maior parte dos empregos informais, sem proteção social, são exercidos por elas e, quando necessitam, de ajuda, pelas filhas, já que na nossa cultura o menino é visto como um rei e é ele quem sai para estudar e se preparar. A feminilização da pobreza é muito clara nesse sentido”, comentou.
Para ele, a organização internacional da luta de classes é essencial para combater esse e outros problemas como a falta de políticas para a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o trabalho infantil, a exploração sexual e o tráfico de pessoas ainda sentidas no continente africano.
Da mesma forma que no dia anterior, o representante do Cosatu (Congresso Sul Africano dos Trabalhadores), Bongani Msuku, reforçou que a luta pelo trabalho decente deve ser a luta contra o capitalismo e deve ocorrer a partir da organização no local de trabalho. “Podemos falar quanto quisermos sobre protocolos, mas não vamos conseguir nada se não organizamos os trabalhadores no chão das fábricas.”
Da mesma forma que no dia anterior, o representante do Cosatu (Congresso Sul Africano dos Trabalhadores), Bongani Msuku, reforçou que a luta pelo trabalho decente deve ser a luta contra o capitalismo e deve ocorrer a partir da organização no local de trabalho. “Podemos falar quanto quisermos sobre protocolos, mas não vamos conseguir nada se não organizamos os trabalhadores no chão das fábricas.”
Os desafios para a integração
A mesa que fechou o seminário internacional da CUT-SP apontou medidas para a inclusão dos informais, essencial para promover o trabalho decente.
A mesa que fechou o seminário internacional da CUT-SP apontou medidas para a inclusão dos informais, essencial para promover o trabalho decente.
Coordenador do Programa de Empregos Verdes e Trabalho Decente da OIT, Paulo Muçouçah, primeiro diferenciou as categorias de informais, separando os trabalhadores que optam por gerir sua força e não dar lucro a terceiros, caso de cooperativas, daqueles que não conseguem um emprego. Ambos os casos, acredita, representam um desafio para o movimento sindical no que se refere à representação e à inclusão em políticas de proteção social.
A opinião é compartilhada pelo vice-presidente da CUT-SP, Carlos Ramiro de Castro. “O próprio desenvolvimento fez com que as empresas contratassem mais trabalhadores formais, porém, nossa prioridade ainda é a inclusão e fazer com que eles possam ter direitos como a Previdência”, falou.
Para encerrar, Rosane Maia, supervisora do projeto sobre Redução da Informalidade por Meio do Diálogo Social do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), comentou que é preciso levar em conta o fato da informalidade ser heterogênea e, portanto, exigir soluções de políticas diversas para combatê-la, e que também é subordinada à lógica do sistema capitalista. “O movimento sindical deve construir alternativas de representação para terceirizados, autônomos, subcontratados”, formas de contratação combatidas pela CUT por representarem a precarização das relações trabalhistas, mas que estão presentes no mercado laboral.
Algo como organizar primeiro para formar uma unidade capaz de cobrar a mudança no perfil da própria forma de absorção da mão-de-obra.
As atividades da semana do trabalhador continuam até o próximo domingo. Confira abaixo a programação:
Os debates do seminário internacional continuam nesta quarta. Leia baixo a programação:
29/04 – Seminário Sindical Internacional "Desenvolvimento, sustentabilidade e inclusão social – Os desafios da relação Sul-Sul" – Local Sesc Vila Mariana
30/04 – Samba com Feijoada: Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Leci Brandão e Marcinho do Cavaco, no Vale do Anhangabaú, a partir das 9h
Cortejos: Capoeira, Maculele, Moçambique, Jongo, Tambores do Vale
Escola de Samba Tom Maior
01/05 – Shows: Mart´nália, banda Ilê Ayê (Bahia), Rappin´Hood, Dog Murras (Angola), Chico César e Martinho da Vila, no Vale do Anhangabaú, a partir das 9h
Ato político sindical-social: Com sindicalistas e movimentos sociais do Brasil e da África.
Ato inter-religioso: Diversas confissões religiosas celebrarão juntas esta data internacional dos trabalhadores (as).
Ato cultural: Com a presença dos atores Celso Frateschi e Danny Glover.
Homenagens: Lula e Nelson Mandela
Atividades Simultâneas
- Exposições e Feiras
- Exposição fotográfica
- Exposição de esculturas e charges
- Feira de Livros
- Feira gastronômica
- Heróis de todo o mundo (vídeo com personagens afro-brasileiro,
fundamentais da nossa história)
- Desfile de roupas de padronagem africana
- Desfile de penteados Afro
- Exposição de tecidos
29/04 – Seminário Sindical Internacional "Desenvolvimento, sustentabilidade e inclusão social – Os desafios da relação Sul-Sul" – Local Sesc Vila Mariana
30/04 – Samba com Feijoada: Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Leci Brandão e Marcinho do Cavaco, no Vale do Anhangabaú, a partir das 9h
Cortejos: Capoeira, Maculele, Moçambique, Jongo, Tambores do Vale
Escola de Samba Tom Maior
01/05 – Shows: Mart´nália, banda Ilê Ayê (Bahia), Rappin´Hood, Dog Murras (Angola), Chico César e Martinho da Vila, no Vale do Anhangabaú, a partir das 9h
Ato político sindical-social: Com sindicalistas e movimentos sociais do Brasil e da África.
Ato inter-religioso: Diversas confissões religiosas celebrarão juntas esta data internacional dos trabalhadores (as).
Ato cultural: Com a presença dos atores Celso Frateschi e Danny Glover.
Homenagens: Lula e Nelson Mandela
Atividades Simultâneas
- Exposições e Feiras
- Exposição fotográfica
- Exposição de esculturas e charges
- Feira de Livros
- Feira gastronômica
- Heróis de todo o mundo (vídeo com personagens afro-brasileiro,
fundamentais da nossa história)
- Desfile de roupas de padronagem africana
- Desfile de penteados Afro
- Exposição de tecidos
Parabens pela realização do evento...os brasileiros merecem!
ResponderExcluirValéria Coutinho