quinta-feira, 31 de março de 2011

A MÍDIA E O GOLPE MILITAR DE 64


Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época. O artigo é de Altamiro Borges.



Amanhã, 1º de abril, marca os 47 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na época, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.

Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época: 

O golpismo do jornal O Globo
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”O Globo, 2 de abril de 1964.

“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada..., atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal". O Globo, 2 de abril de 1964.

“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964. 

“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.

Conluio dos jornais golpistas
“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.

“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964.

“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.

“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.

“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.

“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.

“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.

Apoio à ditadura sanguinária
“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.

“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”.Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984. 

Fonte: Blog do Miro

ERA UMA VEZ, EM 1964...





UM LIXO "SE LIXANDO"???

É de enojar qualquer cidadão honrado e consciente, as atitudes e o comportamento de um indivíduo que ocupa um mandato em instituição parlamentar deste país. Abaixo, reproduzo matéria que corrobora a necessidade de conscientização e informação do povo brasileiro, no momento do voto nas urnas. (Wagner Marins)

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Deputado Jair Bolsonaro diz que
"está se lixando" para movimento gay
Mais uma vez envolvido em polêmicas por suas frases consideradas racistas e homofóbicas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou nesta quarta-feira (30) que está “se lixando” para o movimento gay e voltou a dizer que não quis ofender a cantora e apresentadora Preta Gil.

“Estou me lixando para esse pessoal aí [do movimento gay]. Eles criaram agora a Frente Parlamentar de Combate à Homofobia, a frente gay. O que esse pessoal tem a oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer para vocês que são jovens que, no dia em que vocês tiverem um filho, se for gay, é legal e vai ser o ‘uhuhu’ da família? Esse pessoal não tem nada a oferecer”, declarou ao chegar ao velório do ex-vice-presidente da República, José Alencar, no Palácio do Planalto, em Brasília.

Bolsonaro afirmou não temer a representação encaminhada ontem pela OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil - seção do Rio de Janeiro), à Corregedoria-Geral da Câmara dos Deputados, para que seja aberto processo contra ele por quebra de decoro parlamentar nas declarações que fez em relação à população negra e aos homossexuais no programa CQC de TV Bandeirantes desta última segunda-feira (28).

“O que eu entendi da Preta Gil, por Deus que está no céu, é como eu reagiria caso meu filho tivesse um relacionamento com gay. Todo mundo que quiser entrar com processo é justo. Ela, por exemplo, que exemplo ela tem de vida para dar para todos nós para cobrar ética?  No blog dela está escrito lá que ela já participou de atos sexuais com outras mulheres, ela participa – palavras dela lá – de suruba”, disse o parlamentar. “O que eu tenho contra ela? Nada contra ela. Nunca gostei dela, é direito meu. Não vejo que ela tem credibilidade para falar em ética”, completou.

Além da Corregedoria, a Comissão de Direitos Humanos da Casa pediu ontem (29) que o caso fosse investigado. Já na Comissão de Ética da Câmara, o próprio deputado entrou com um requerimento para “tirar as dúvidas” sobre o que quis dizer no programa televisivo.
“Racismo e homofobia proclamados por parlamentar são claro abuso de prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional. Pode dar cassação de mandato. Daí o pedido de sindicância urgente sobre o dito pelo deputado, protocolado por 19 deputados na Presidência da Casa, ontem à noite. A Corregedoria precisa agir, já! Não descartamos ir ao Conselho de Ética, caso haja morosidade”, disse líder da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, Chico Alencar (RJ).

Frente LGBT

A Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), relançada ontem, na Câmara dos Deputados, já teve como primeiro debate as declarações do deputado reeleito pelo Rio de Janeiro.
O grupo, formado por 171 deputados e senadores, terá como objetivo analisar propostas sobre igualdade de direitos para todos os cidadãos.

Deputados que “se lixam”

Bolsonaro não foi o primeiro a dizer mais recentemente o termo em afirmações controversas. O deputado reeleito Sergio Moraes (PTB-RS) disse há dois anos que estava “se lixando para o opinião pública” por defender na época outro parlamentar (Edmar Moreira), que ficou conhecido como “deputado do castelo” – por ser dono de uma casa em Minas Gerais, avaliada em R$ 25 milhões  e não declarada  na Receita Federal.
A IMAGEM FALA POR SI!
vejam



FONTE: UOL Notícias

segunda-feira, 28 de março de 2011

REFORMA POLÍTICA (Documento Reforma Politica ALES)

“Emitir parecer ou opinião sobre o que é e o que não é correto, de acordo com valores morais o conjunto de fatos, processos e conceitos que envolvam e regem o Estado e suas Instituições e o relacionamento entre eles, com correção, racionalidade, bom-senso e discernimento em tudo que for de interesse coletivo". 
SAIBA MAIS, no Blog Consciência Política Razão Social (Fernanda Tardin)

Fonte: http://conscienciapoliticarazaosocial.blogspot.com/2011/03/documento-reforma-politica-ales.html


sexta-feira, 25 de março de 2011

ENQUANTO ISSO, NO ESTADO DE SÃO PAULO...


Vejam abaixo matéria na integra da Revista do Brasil, edição nº 57.

LAMENTÁVEL!!!
Wagner Marins



Governo do Bullying

Com o veto à admissão de professores obesos aprovados em concurso público, o governo de São Paulo agrava um cenário discriminatório e perverso, já presente nas relações sociais
Por: Cida de Oliveira
Publicado em None
Todos os dias, o professor de biologia Francis Daniel Cones percorre os corredores da Escola Estadual Dorti Zambello Calil, de Nova Odessa (SP). Como coordenador pedagógico, está sempre de um lado para outro para dar assistência a colegas e alunos. Em mais de 20 anos dedicados à rede estadual de São Paulo, nunca teve como empecilho para o trabalho a obesidade que desenvolveu ainda criança. “Faço exames todo ano e nunca houve alterações. Minha pressão é normal, assim como as taxas de colesterol e glicemia”, afirma. Francis, que não é o único na escola a estar acima do peso considerado ideal, garante que nos últimos 10 anos nunca faltou por motivo de saúde.
A disposição e a vitalidade de Francis não são raras entre pessoas obesas. Muitas delas – até mesmo com a chamada obesidade mórbida – têm capacidade física até melhor que a de alguns magros. “Embora o risco de diabetes, pressão alta e problemas cardíacos seja maior entre elas, não se pode garantir que todas vão ter tais doenças”, atesta a endocrinologista Claudia Cozer, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Para o departamento de perícia da Secretaria Estadual de Gestão Pública de São Paulo, porém, não é bem assim. Conforme laudos assinados por seus médicos, os professores obesos aprovados no concurso público de 2010 foram considerados inaptos ao trabalho docente na rede estadual. Todos foram reprovados no exame médico e não puderam ser efetivados, apesar de a nomeação ter sido publicada no Diário Oficial.
“Em janeiro, quando já me preparava para assumir as aulas, me telefonaram da escola avisando que eu tinha sido reprovada no exame médico”, conta a professora de matemática Lídia Eliane de Souza, de Ribeirão­ Pires, na região do ABC paulista, que viu adiado o sonho de ser efetivada. Segundo ela, que está entrando com mandado de segurança para ingressar na rede enquanto o caso não se resolve, só não perdeu o prazo para entrar com recurso porque conseguiu consultar seu prontuário a tempo, no começo de fevereiro, durante a gravação de uma reportagem para um programa de TV.
A decisão não conta com o respaldo de especialistas no estudo e tratamento da obesidade e começou a ganhar repercussão a partir de denúncias publicadas num site de relacionamentos. Ali, os servidores compartilharam a frustração e a revolta por terem sido impedidos de assumir o cargo depois de aprovados em concurso público que incluía provas teóricas, curso de formação e uma segunda rodada de testes. O edital­ do concurso não vedava a participação­ de pessoas com obesidade.
“Por ironia, a inclusão e o respeito às diferenças eram um tema muito presente nesse curso de formação que fizemos”, observa a professora Fabiana de Souza Azevedo, da capital. “Mas na realidade é tudo muito diferente. Como a gente não se encaixa naquela­ forma que acham que é perfeita, acaba descartada.” A surpresa desagradável da reprovação – até então só conhecia casos na iniciativa privada – não a desanima. Vai buscar na Justiça o direito de assumir o espaço conquistado por mérito. “Ainda acredito na educação como agente de transformação.”
Em junho de 2009, um professor que viveu o mesmo drama obteve na Justiça uma decisão provisória favorável e, de lá para cá, leciona em uma escola da Grande São Paulo. No mesmo ano, o Ministério Público estadual, por meio da promotoria de inclusão social, abriu inquérito para apurar denúncias de discriminação contra professores obesos. No começo do mês passado, a história foi parar nos jornais e na TV. As câmeras de um programa dominical chegaram a exibir a burocracia enfrentada por professoras que queriam exercer o direito de saber o motivo de ser impedidas de assumir um cargo que, afinal de contas, já vinha sendo ocupado de maneira temporária havia anos.
A Secretaria de Gestão não atendeu a Revista do Brasil para explicar, entre outras coisas, quantos são os professores barrados, de onde vem a regra de considerar inapto quem está acima do peso e, ao contrário dos professores, precisam de condição física mais favorável que a dos bandidos que deveriam perseguir. À televisão o diretor técnico do órgão, Valter Haddad, se manifestou. Negou discriminação e foi categórico: “Elas foram reprovadas por serem consideradas doentes”.
Esse posicionamento, no entanto, nada tem a ver com o estado de saúde dos servidores. “O distúrbio não incapacita ninguém. É discriminação mesmo”, ressalta Claudia Cozer, para quem o tratamento injusto e desigual revela a preocupação do governo estadual unicamente com o ônus que pode vir a ter caso contrate pessoas sujeitas a adoecer.
O episódio é visto também como mais um pilar de uma política educacional pragmática lastreada em bônus e prêmios. “É a busca por resultados a todo custo, que pressiona, adoece e descarta os professores”, opina Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Embora ainda não tenha visto iniciativa semelhante em outra parte do país, a entidade não descarta a possibilidade de o estado de São Paulo fazer escola e a ideia se espalhar.
“Enquanto a sociedade discute alternativas para prevenir e combater o bullying nas escolas, que afeta alunos e profissionais da educação, vítimas da perseguição constante de colegas de classe, de trabalho e de superiores, o estado promove outra forma de bullying ao potencializar o preconceito”, compara Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
“Por que gordo não pode dar aulas?”, questiona o jornalista Ricardo Kotscho em seu blog Balaio do Kotscho. Em seu desabafo, publicado na época em que a truculência do governo paulista veio à tona, ele conta que o episódio da reprovação dos professores obesos o fez lembrar um caso parecido, quando era editor de um grande jornal paulistano. Um repórter muito bom foi vetado no exame médico porque seus dentes estavam em péssimo estado. Mesmo concordando, Kotscho argumentou que o sujeito era ótimo profissional e só poderia cuidar da saúde bucal se fosse contratado. Como faria isso se estava desempregado e sem dinheiro? O tal repórter foi contratado e tornou-se um grande jornalista.
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De acordo com reportagem de Suzana Vier, da Rede Brasil Atual, a médica e pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, critica a prática do governo paulista. Leia mais
Na RBA, Letícia Cruz ouviu também a opinião de uma consultora de RH da Catho, especializada em intermediação de mão de obra: “É discriminatório”. Leia mais
Intolerância inclui miopia e depressão
A discriminação do governo paulista não se restringe aos obesos. Há denúncias de professores que não puderam ser efetivados porque são míopes ou por terem sofrido de depressão. Para especialistas e juristas, essa filosofia – que se assemelha à de uma companhia de seguros que encarece ou recusa uma apólice depedendo do “risco” que o segurado oferece – é preconceituosa e imoral. Para a Apeosp, é também ineficaz. “Enquanto persistirem os baixos salários, o desestímulo, a superlotação das salas de aula e escolas precárias, os professores continuarão adoecendo”, diz Maria Izabel Noronha, presidente da entidade. A Secretaria Estadual de Gestão Pública diz, em nota, que o candidato pode solicitar vistas de seu prontuário e entrar com recurso contra o que considerar erros e injustiças. Uma nova junta médica reavaliará a perícia, mas caberá ainda novo recurso ao secretário de Gestão Pública.

quinta-feira, 24 de março de 2011

I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas de SP



Participe! Informações no final da página


40 milhões acessam os blogs no Brasil
Segundo pesquisa realizada pela empresa especializada em tráfego online, acomScore, 70% dos brasileiros acessaram blogs durante o ano de 2010, enquanto no resto do mundo a média foi 50%.
Para o relatório divulgado, a principal concentração de audiência dos blogs brasileiros foi na época das eleições (final do ano passado), quando, entre outubro e novembro quase 40 milhões de usuários acessaram os blogs à procura de comentários sobre os candidatos à eleição.


74 milhões de brasileiros navegam na internet
O número de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, LAN houses ou outros locais) atingiu 73,9 milhões no quarto trimestre de 2010, segundo o Ibope Nielsen Online.
O número representou um crescimento de 9,6% em relação aos 67,5 milhões do quarto trimestre de 2009, segundo dados divulgados pelo instituto.


Banda Larga é um Direito Seu!
“Uma ação pela Internet barata, de qualidade e para todos", são muitos os desafios e debates que envolvem o acesso à banda larga e sua plena utilização no Brasil. O Plano Nacional de Banda Larga nasceu com o objetivo de reverter à atual situação de uma Internet cara, lenta e para poucos, mas é insuficiente para isso, e sofre com a pressão das empresas de telecomunicações, que ameaçam seus objetivos.  
É indispensável que a sociedade se mobilize congregando movimentos sociais, ativistas pela internet livre, pontos de cultura, organizações do movimento de cultura e de comunicação e todos e todas interessados na luta pelo reconhecimento da banda larga como um direito, devendo ser universalizada e pautada no interesse público.
Participe e conecte-se com as novidades da mídia alternativa

Inscrições Abertas
Envie seus dados
Nome: 
Telefone:(DDD): 
Cidade/Estado: 
E-mail: 
Endereço do blog: htpp://www. 
Twitter@: 
Ou de outra rede social, caso participe: 
(Preencha todos com a URL completa)

Caso queira participar e não tenha Blog, ou Twitter, 
liste três blogs ou outras redes sociais que mais acessa: 
1. 
2. 
3. 

Envie para o e-mail oficial do 
I Encontro de Blogueiros Progressistas de SP:encontroblogsp@gmail.com

- Taxa de Inscrição: R$ 100,00
- Centro de Estudos Barão de Itararé
- Banco do Brasil
- Agência 4300-1
- C/C 50141-7 
- Para depósitos via internet CNPJ 12.250.292/0001-08
- Estudantes terão desconto de 50%
- Fazer o depósito e enviar comprovante pelo e-mail oficial:encontroblogsp@gmail.com

- Data: 15,16 e 17/04/2011
- Abertura 15/04/11 às 19hs no Auditório Franco Montoro da Alesp
- Local:Assembleia Legislativa de SP-Av. Pedro Álvares Cabral, 201-Ibirapuera-SP
- Mapa: clique aqui

Blogueiros Progressistas de São Paulo
Comissão Organizadora

quarta-feira, 23 de março de 2011

METRÔ PAULISTANO: ABANDONO E ROUBALHEIRA!!!


Reproduzo abaixo, matéria publicada na Revista do Brasil, edição 57, revelando mais uma situação vergonhosa que contamina o sistema metroviário de São Paulo. Além do notório abandono em termos de manutenção, segurança e eficiência, temos também, a origem de todos esses problemas que é a ROUBALHEIRA livre e solta no sistema. As vítimas dessa desfaçatez toda somos nós, o povo. Vejam abaixo.

Wagner Marins.
 
Metrô de São Paulo recebeu US$ 8 milhões de multinacional para pagamento de propina, sugere documento.

São Paulo – Foi protocolado nesta terça-feira (15) no Ministério Público Estadual (MPE-SP) um documento para ser anexado ao processo que desde 2008 apura denúncias de corrupção entre empresas multinacionais e o Metrô de São Paulo.
O documento refere-se ao contrato de licitação entre o metrô paulista e a empresa alemã Siemens, o qual sugere o pagamento de propina feito a autoridades de São Paulo e do Distrito Federal em valores que ultrapassavam US$ 8 milhões. O montante representava em torno de 7,5% do valor total dos contratos, afimou o deputado estadual Simão Pedro (PT), em entrevista à Rede Brasil Atual.

Segundo denúncias de testemunha que diz ter presenciado o processo de contratação, em reportagem da Rede Record e do portal R7, o esquema começava sempre com a manipulação dos editais de concorrência pública, tanto nos processos de compra de novos trens para a Companhia do Metropolitano de São Paulo como também a compra e manutenção dos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Consta ainda no documento que o esquema de corrupção se estenderia ao projeto principal das obras do Metrô do Distrito Federal, cujo governo, à época, era comandado por José Roberto Arruda (ex-DEM).

O deputado afirmou que o novo documento apresentou como novidade um contrato específico de uma empresa terceirizada, que em nome da empresa alemã fazia parcerias com companhias brasileiras, cuja função seria o repasse da propina a diretores e políticos brasileiros.

"Apresentamos aos promotores notas fiscais e cópias de contrato entre a Siemens e as empresas terceirizadas. Eles estudarão a conexão destas denúncias com as já existentes no Ministério Público sobre este caso", afirmou o deputado.

De acordo com Simão Pedro, foi anexada ao documento uma carta assinada pela testemunha da Siemens e direcionada ao porta-voz da empresa no ano de 2008. O conteúdo escrito dava detalhes de todo esquema de repasse de verbas ao Brasil. E, ainda, segundo as informações apuradas pela denúncia e pelo deputado, a Siemens, naquele momento, havia feito uma "devassa" em seu quadro de diretores, demitindo diversos funcionários.

"A intenção é investigar porque o escritório de advocacia que a Siemens contratou não avançou em relação às denúncias relacionadas ao Brasil". O deputado também sinalizou preocupação pelo fato de o contrato denunciado já ser considerado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado, mas que ainda assim foi renovado e continua em vigor.

Sem resposta


Durante coletiva no início da tarde desta terça-feira (15), a reportagem da Rede Brasil Atual questionou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre as denúncias do dia anterior. Mas, ao ouvir a pergunta, Alckmin preferiu não comentar e encerrou imediatamente a entrevista.

Fonte: Revista do Brasil

terça-feira, 15 de março de 2011

O silêncio internacional diante das ditaduras


Por que o insuportável silêncio internacional diante das legítimas rebeliões de populações que exigem liberdade, dignidade econômica e pessoal e democracia? Por que se tem tolerado durante décadas os abusos aos direitos humanos das ditaduras aliadas do Ocidente que têm gerado a atual revolução que percorre o mundo árabe, desde Marrocos até a Arábia Saudita? O que explicava as visitas de Estado a regimes ditatoriais e cleptocracias, os abraços e beijos com os autocratas árabes, as bênçãos a sistemas de governo em desacordo com a legalidade? O artigo é de Mônica G. Prieto. Mónica G. Prieto - Periodismo Humano

“É a economia, estúpido!”. A famosa frase de James Carville, assessor de Bill Clinton durante a campanha eleitoral que o levou à Casa Branca em 1992, serve para responder as perguntas que muitos fazem. Por que o insuportável silêncio internacional diante das legítimas rebeliões de populações que exigem liberdade, dignidade econômica e pessoal e democracia? Por que se tem tolerado durante décadas os abusos aos direitos humanos das ditaduras aliadas do Ocidente que têm gerado a atual revolução que percorre o mundo árabe, desde Marrocos até a Arábia Saudita? O que explicava as visitas de Estado a regimes ditatoriais e cleptocracias, os abraços e beijos com os autocratas árabes, as bênçãos a sistemas de governo em desacordo com a legalidade? A resposta são bilhões de dólares e uma estabilidade regional que tem beneficiado a Europa e os Estados Unidos e seu principal aliado regional, Israel, em troca da insegurança das populações árabes.

O mérito dos manifestantes árabes que estão colocando em sérios apertos, quando não derrubando, seus regimes é enorme. Não só enfrentam um aparato de segurança repressor - o que os condena, em caso de fracasso, a serem perseguidos e provavelmente massacrados - mas também ao mundo inteiro desde o momento em que os ditadores contra quem se levantam estão ligados com o resto dos países mediante vínculos difíceis de se quebrar: contratos comerciais que não entendem de ideologia nem de moral.

Essa é a razão pela qual os documentos das ONG denunciando torturas, repressão, ausência de liberdades e eleições arranjadas nunca produziram a mais mínima sombra sobre os regimes amigos: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Egito, Emirados Árabes, o atual Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbia, Mauritânia, Omã, Qatar, Tunísia, Iêmen, Sudão, Marrocos… De fato, consultando os informes redigidos pelos escritórios comerciais espanhóis nos citados países ninguém desconfiaria da legitimidade dos regimes e, sobretudo, ninguém duvidaria dos proveitosos negócios que trazem aos Estados Unidos ou à Europa. À custa, isso sim, dos excessos que se cometem contra suas populações. Este é um resumo do que queriam ver nossos governos no Oriente Médio e no norte da África e do que viam seus cidadãos, pelo qual estão se levantando em massa contra seus ditadores.

Arábia Saudita: Com uma economia dependente da exportação de petróleo, a Arábia Saudita depende das exportações exteriores dada sua escassa produtividade em qualquer outro setor. Uma circunstância bem aproveitada por seus sócios internacionais. Entre seus principais provedores figuram Estados Unidos (com negócios avaliados em mais de 13,6 bilhões de dólares em 2009), ou China (10,8 bilhões no mesmo ano) e de forma mais modesta França (3,8 bilhões), Itália (3,5 bilhões) e Grã Bretanha (3,4 bilhões). Espanha figura entre os 10 principais países clientes com negócios no valor de quase 3,4 bilhões de dólares em 2009.

Assim mesmo, em novembro passado negociava a venda de 200 carros de combate que deveria lhe render 3 bilhões de euros, o maior contrato da indústria armamentista espanhola. Para que serviriam esses carros? As últimas atuações conhecidas do Exército da Arábia Saudita, um regime wahabi (a versão mais radical do Islamismo sunita, que implica a segregação absoluta de sexos e relega as mulheres a uma condição de segunda classe) cuja fonte de jurisprudência é a Sharia (código de leis do islamismo), tem tido como cenário Bahrein e Iêmen No primeiro, ativistas do reino denunciaram a entrada de militares sauditas para apoiar a monarquia na repressão das manifestações; no segundo aconteceu há alguns meses, quando o Exército saudita atacou posições dos huthis, rebeldes xiitas armados situados na fronteira entre Iêmen e Arábia Saudita, em um ataque sectário.

No país da dinastia dos Saud, não só a pena de morte está vigente (que se realiza por decapitação e está aumentando, segundo as autoridades locais porque o crime tem crescido) mas também aplicam-se castigos corporais: as amputações de mãos e pés por roubo ou a flagelação por delitos menores como “desvio sexual” - em referência à homossexualidade e a sodomia - e a embriaguez. A discriminação das mulheres, que carecem dos mínimos direitos - sua situação é muito mais grave que no Afeganistão - chega inclusive às suas próprias casas. Não têm direito de votar nem de dirigir, nem sequer podem caminhar sozinhas sem um homem que lhes acompanhe. Não há liberdade de culto, tampouco liberdades sexuais nem liberdade de reunião, imprensa ou de expressão. Os sindicatos estão proibidos, assim como os partidos políticos. Tal como seus sócios europeus, a Espanha parece importar-se pouco com semelhantes minúcias. Entre 1993 e 2008, segundo dados do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio, a Arábia Saudita investiu na Espanha mais de 70 milhões de euros. Os habitantes da Arábia Saudita estão convocados a protestos nos dias 11 e 20 de março.

Argélia - Como no caso de Marrocos e Mauritânia, na Argélia - grande produtor de gás - a Espanha tem amplos acordos de cooperação que incidem positivamente em seus negócios. O governo de Madri é o quarto país provedor, depois da França (6,1 bilhões de dólares), China (4,7) e Itália (3,7), com importações no valor de quase 3 bilhões de dólares anuais. Em troca, Espanha importa gás argelino no valor de 3,9 bilhões de euros ao ano, sendo o terceiro país cliente do regime argelino. Entre suas exportações figuram aeronaves no valor de meio milhão de euros.

Enquanto os governantes trocam apertos de mão, o estado de emergência que impera no país durante 19 anos tem justificado detenções irregulares, processos judiciais duvidosos, desaparições forçadas, torturas, abusos policiais e restrições à liberdade de expressão, de impressa e civis. Desde 1993, estima-se entre 30 e 40 mil o número de desaparecidos. Os argelinos protestam contra seu governo desde dezembro de 2010 e exigem medidas contra o desemprego, a falta de moradia, a inflação, a corrupção, a falta de liberdades. Sua primeira vitória: a anulação do estado de emergência que justificava as detenções irregulares de milhares de pessoas há décadas.

Bahrein - Este pequeno reino petrolífero povoado por quase 70% de xiitas e governado por uma dinastia sunita há dois séculos é um sócio comercial privilegiado da Arábia Saudita - daí seu enorme apoio à monarquia bareinita, baseado em interesse econômico e estratégico porque à Riad, capital saudita, não interessa uma revolta popular que produza ideias dentro do reino wahabita - mas também do Japão, Estados Unidos e Alemanha, nesta ordem. Em troca, Bahrein exporta petróleo. Sua população xiita, enquanto isso, suporta uma discriminação dos sunitas que alcança todas as esferas: não podem aceder a postos públicos nem ingressar no Exército, denunciam que só podem morar nas piores moradias e cada vez tem sido público que são reprimidos. As torturas são habituais nas prisões como em outros países do Golfo Pérsico, assim como a prisão arbitrária de dissidentes políticos. Segundo os ativistas, há cerca de 400 presos políticos nas prisões do país. O país não chega a um milhão de habitantes. As manifestações, reprimidas a sangue e fogo, têm conseguido até o momento a libertação de presos políticos e promessas de reformas democráticas.

Egito - Durante os 18 dias que durou a revolução popular que culminou na saída de Hosni Mubarak, apenas escutaram-se críticas europeias e as escassas proferidas pelos Estados Unidos soaram tímidas. Examinemos por quê: o primeiro sócio comercial do Egito é a União Europeia, que exportou bens no valor de quase 18 bilhões de euros em 2009. Dos países europeus, Itália, Alemanha, França e Reino Unido ocupavam os primeiros postos. Espanha é o sexto exportador do país dos faraós. Estados Unidos, contudo, é a terceira potência exportadora com negócios no valor de 5,3 bilhões de dólares no em 2009. Os informes das ONG não poderiam competir com semelhante volume de negócios, muitas vezes falaram de torturas recorrentes, detenções arbitrárias, violações em prisão para obter confissões e uma total impunidade policial. No entanto, milhões de egípcios venceram seu medo e saíram às ruas derrubando a ditadura e fazendo história. Um dos ativistas que fizeram os protestos, Wael Ghonim, alçava uma mensagem incontestável ao Ocidente depois de seu êxito: “Vocês não se meteram em 30 anos. Por favor, não se metam agora”.

Emirados Árabes Unidos (EAU) - O presidente José Luis Rodríguez Zapareto regressou de seu giro pelo Golfo eufórico pelos acordos econômicos firmados com os xeiques dos Emirados, mas sem mencionar as violações de direitos humanos. Em EAU - rico em gás e petróleo - a Espanha firmou negócios no valor de 1,9 bilhão de dólares somando-se assim a países como China, Estados Unidos, Alemanha e Índia, seus principais sócios comerciais. A ninguém incomoda que nos sete emirados a maioria da população (estima-se que 80%) seja de trabalhadores asiáticos que carecem de direitos, muitos dos quais são explorados e vivem em condições sub-humanas. As organizações defensoras de direitos humanos denunciam a falta de proteção e a discriminação que padecem. Além disso, nos emirados as instituições não são eleitas de forma democrática, e a liberdade de expressão e de imprensa passam por numerosas dificuldades.

Iêmen - Os protestos duram já dois meses e são diários: dezenas de milhares de iemenitas desafiam a cada dia o emprego da segurança e também os fiéis ao ditador Abdula Ali Saleh, há 32 anos no poder, para exigir o fim da ditadura. As primeiras concessões não tardaram a aparecer ante a pressão popular: Saleh renunciou à reforma constitucional que preparava para permanecer no posto de forma vitalícia, logo após renunciou a que seu filho o sucedesse, depois anunciou que não renovaria seu mandato após 2013, quando este expirará oficialmente, e agora oferece um governo de unidade nacional que a oposição e ativistas rechaçam. O ditador está cada dia mais só: sua tribo, assim como outros clãs determinantes do país mais pobre do Oriente Médio, retirou o apoio que dava a ele. O principal religioso iemenita, Abdul Majid al Zindani, uniu-se aos manifestantes, que exigem sua saída imediata e a instauração de uma democracia. Sua riqueza também reside nos hidrocarbonetos e seus principais parceiros comerciais são China, Índia, Emirados e Estados Unidos, com quem mantinha estreitas relações militares que permitiram bombardeios secretos norteamericanos contra supostos objetivos da Al Qaeda que se atribuem ao próprio Saleh, segundo desvendado mediante informes do Wikileaks. Em matéria de direitos humanos, as torturas, a repressão, a falta de liberdades, a detenção arbitrária de dissidentes e a colaboração com o programa de detenções extraordinárias norteamericano - o sequestro de cidadãos que são interrogados em países terceiros para permitir o uso de torturas na obtenção de confissões - é algo habitual. Estima-se que cerca de 30 pessoas morreram nas manifestações.

Kuwait - Enquanto o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, passeava pelos Emirados e Qatar, o rei Juan Carlos apertava a mão do Sheik Sabah al Ahmad al Jaber, o emir do Kuwait, uma monarquia supostamente constitucionalista onde o primeiro ministro é o sobrinho de Al Jaber e onde este elege a composição do governo. Seus familiares ocupam os principais postos do poder. Não existem partidos políticos ainda que se tolerem organizações ideológicas no Parlamento eleito, que pode ser dissolvido - como já ocorreu em cinco ocasiões - por desejo do emir. Estados Unidos, Japão, Alemanha e China são seus principais sócios comerciais; os hidrocarbonetos seu grande ativo. Com Washington tem uma relação principal que explica a existência de bases norteamericanas em território kuwaitiano. Suficiente para que ninguém levante a voz por causa das violações de direitos humanos como as citadas pela Anistia Internacional em seu informe de 2009. “Os trabalhadores e trabalhadoras migrantes continuam sofrendo exploração e abusos e exigiam proteção de seus direitos. Em alguns casos houve expulsão por ter participado de manifestações massivas. O governo prometeu melhorar suas condições. Processaram jornalistas. Denunciou-se um caso de tortura. Havia ao menos 12 pessoas condenadas à morte, mas não se teve notícia de nenhuma execução”. Os protestos no Kuwait, muito menores, têm gerado dezenas de feridos. O último protesto foi realizado na terça-feira (8), centenas de kuwaitianos exigiram a queda do primeiro-ministro e maior liberdade política.

Líbia - Petróleo e gás. Desde que Muammar al Kadafi foi desclassificado como líder terrorista em 2002 e acrescentado à categoria de sócio ocidental, os negócios com a ditadura líbia - 40 anos de tirania - dispararam, ignorando a repressão interna e a ausência total de democracia. Kadafi acabava sendo demasiadamente generoso para ser questionado quando investia 2 bilhões de dólares no Canadá ou 30 bilhões nos Estados Unidos. Agora, o uso de aviação militar contra manifestantes que exigem o final da tirania obriga os dirigentes internacionais a opor-se. Itália e Alemanha são seus grandes sócios comerciais, Espanha é o terceiro país cliente: importa principalmente petróleo e gás. Entre 1993 e março de 2008, investiu 189,36 milhões de euros na Líbia. As exportações espanholas em material de defesa aumentaram 7.700% em 2008.

Marrocos - As violações de direitos humanos, principalmente relacionadas com o Sahara Ocidental, nunca vêm à tona - nem sequer nos episódios mais violentos - com o sócio marroquino, muito amigo da Espanha e aliado da União Europeia e Estados Unidos. Entre seus principais parceiros comerciais figuram França, Estados Unidos, Suécia, Alemanha e Espanha. Assim como com a Argélia e Mauritânia, Madri mantém amplos acordos de cooperação com Rabat, capital do Marrocos, que incluem a venda de armas e material defensivo. Estima-se que a Espanha é o principal país provedor do reino alauí - dinastia que governa o país - depois da França e seu mercado representa a principal fonte de exportações espanholas de toda a África. Em 2009, Marrocos recebeu 30 milhões de euros em veículos militares espanhóis. O regime de Rabat foi inicialmente compreensivo com os manifestantes, que no dia 20 de fevereiro saíram às ruas para exigir reformas democráticas e econômicas, para depois atuar com contundência diante de qualquer indício de protesto.

Omã - Nesta monarquia absoluta, sem partidos políticos, e cujo sultão, Qabus al Said, derrubou seu pai em um golpe de Estado em 1970, os hidrocarbonetos são a chave de suas excelentes relações internacionais. Emirados, Índia, Estados Unidos e China são seus principais sócios comerciais, e em menor medida a Espanha, que entre 1993 e 2008 investiu 38 milhões de euros na economia do sultanato, Segundo a ONG Frontline, os ativistas de direitos humanos em Omã “sofrem perseguição, detenção arbitrária e torturas ao serem interrogados. Centenas de acadêmicos, jornalistas e comentaristas foram detidos em prisões massivas e deixados incomunicáveis sem nenhum tipo de assistência legal. Omã é signatário de três dos sete tratados fundamentais das Nações Unidas sobre os direitos humanos. As organizações independentes de direitos humanos não podem operar dentro do país”. Os protestos em Omã resultaram na morte de duas pessoas e exigem respeito aos direitos humanos, reformas políticas e econômicas que lutem contra a inflação e aumentem os salários e liberdade de informação.

Qatar - Outro dos destinos do primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, que deu importantes frutos econômicos, com contratos acertados em 3 bilhões de euros - mais de 2,7 bilhões correspondem a investimentos em uma empresa energética e outra de telecomunicações e 300 milhões a uma caixa de poupança - e um dos poucos países a salvo, até o momento, dos protestos. Antecipando-se a qualquer contestação interna, o regime do Qatar - uma monarquia tradicional onde todas as decisões recaem na dinastia reinante - acaba de adiantar as eleições municipais, um passo a mais no lento processo de reformas iniciado pelo xeique Hamad ben Jalifa al Thani. Mantém excelentes relações com todos os grupos, com o Ocidente, com o mundo árabe e com o Irã, o que o tem feito mediador por excelência na região. Japão, Estados Unidos, Alemanha e Itália são seus principais países provedores, e a Espanha, seu sétimo país cliente. Em matéria de direitos humanos, as restrições à liberdade de expressão - apesar de haver criado a Al Jazeera - são frequentes, os ativistas são habitualmente perseguidos, a Internet é vigiada e há acusações contra o regime de Al Thai por não garantir os direitos mínimos dos trabalhadores estrangeiros. Não existem partidos políticos. Os qatari estão sendo convocados para uma manifestação ainda no mês de março.

Tunísia - Os 20 anos no poder de Ben Ali lhe deram o domínio sobre a economia tunisiana e criaram vínculos com a França, Itália, Alemanha e Estados Unidos, entre outros países ocidentais, na forma de contratos. A cleptocracia foi derrubada pelo movimento popular revolucionário que explodiu depois da morte de um jovem provinciano estendendo-se por todo o norte da África e o Oriente Médio. Os motivos econômicos - o grande desemprego, a alta dos preços, a escassez de moradia - combinaram-se com uma população educada e cansada da corrupção do regime, mas, como no resto dos protestos, as violações de direitos humanos, desde a repressão policial até a discriminação ou a falta de liberdades, também desempenharam um papel.

Tradução: Michelle Amaral (Brasil de Fato)

Fonte: CARTA MAIOR - 15/03/11