domingo, 15 de setembro de 2013

PT FARÁ DE SÃO PAULO UM 'LUGAR MELHOR PARA VIVER'

Padilha acusou de insensíveis os que se opõem ao Mais Médicos,
sob ataque de entidades de classe

Ao lado de Padilha, Lula diz que São Paulo deve tirar PSDB do comando

Ex-presidente argumenta que estado não pode ser governado 'por um passarinho que tem voo muito curto e bico muito grande'. Ministro afirma que PT fará de São Paulo um 'lugar melhor para viver'

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje (14) a primeira defesa aberta da candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo de São Paulo. Mais cotado para ser o nome do PT na disputa contra Geraldo Alckmin (PSDB), Padilha, presente ao evento, ganhou o apoio explícito do líder, que não citou diretamente seu nome por dizer ter receio de multas da justiça eleitoral.
“Sem nenhum problema pessoal contra ninguém, mas acho que São Paulo merece se dar uma chance tirando os tucanos do comando”, afirmou, durante encontro de integrantes do partido na região metropolitana da capital paulista, ao lado do presidente nacional da sigla, Rui Falcão, do prefeito Fernando Haddad e de ministros.
“Esse estado precisa recuperar sua autoestima, esse estado precisa recuperar sua graça. Esse estado é muito grande para ser governado por um passarinho que tem voo muito curto e bico muito grande”, disse, para em seguida fazer uma referência ao símbolo do PT, a estrela. “ Esse estado merece uma constelação. Vocês imaginam uma combinação entre o PT governando o estado e o Haddad governando a prefeitura, como é que a gente pode mudar. A esperança que tenho é de que a gente possa fazer em São Paulo igual ou mais do que a gente fez no Brasil.”
O ex-presidente cobrou que a militância petista em São Paulo recupere o orgulho que tem da sigla, voltando a usar nas ruas a camiseta vermelha e trabalhando desde já pela mudança no comando do Palácio dos Bandeirantes, há quase duas décadas comandado pelo PSDB. “A gente não tem que ter vergonha porque as críticas que fazem à gente é pelas nossas virtudes, não é pelos nossos defeitos.”
Durante a maior parte do discurso, Lula promoveu uma homenagem ao ex-ministro Luiz Gushiken, morto ontem em São Paulo vítima de um câncer, e confidenciou que o colega lhe pediu que trabalhasse para recuperar o partido. O petista advertiu que é preciso estar presente na vida dos trabalhadores, e não se igualar às outras siglas ao aderir a uma lógica simplesmente eleitoral.
No discurso, Lula se referiu ao slogan usado por Haddad durante a campanha do ano passado, quando o hoje prefeito dizia que, graças ao governo federal, a vida das pessoas havia melhorado, mas ainda esbarrava na prestação insatisfatória de serviços públicos, crítica que acabou eclodindo nas manifestações de junho. “O povo agora quer resolver da porta pra fora. Ao invés da gente achar que isso é ruim, temos que achar que isso é bom. Se tem um partido nesse país que não tem que se esconder, ter medo de povo na rua, esse partido é o Partido dos Trabalhadores porque foi da rua que ele nasceu”, ponderou o ex-presidente.
Discursando antes de Lula, Padilha, que hoje completa 42 anos, afirmou que “vamos fazer” de São Paulo um lugar melhor. “E o PT vai fazer isso por São Paulo”, adiantou. Ele teceu elogios também a Miriam Belchior, ministra do Planejamento e integrante do PT em Santo André, no ABC paulista, a quem atribuiu um trabalho de organização e investimento que vai “mudar a cara” do transporte público na região metropolitana.
O ministro da Saúde fez uma nova defesa do Mais Médicos, programa anunciado no último dia 8 de julho para garantir atendimento à população nas periferias das grandes cidades e no interior do Brasil, lugares que têm dificuldades em atrair profissionais de saúde. Padilha ressaltou a importância de que militantes petistas fomentem o debate sobre a importância da iniciativa, que garante remuneração de R$ 10 mil mensais líquidos, além de uma ajuda de custo que pode chegar a R$ 40 mil anuais, e tem investimentos previstos de R$ 1,5 bilhão para melhorar a infraestrutura dos municípios.
“Dizer que não faltam médicos no Brasil é uma tremenda insensibilidade com o sofrimento do nosso povo. É só ir numa unidade de saúde não no meio da região amazônica, pra onde fui, mas é só ir aqui na periferia da cidade de São Paulo, da cidade mais rica do país, onde tem os hospitais mais estruturados, faltam médicos para o povo de São Paulo”, disse, reiterando em seguida que profissionais brasileiros não preencheram todas as vagas disponíveis, o que levou à contratação de formados no exterior.
Os contratos, com duração de três anos, preveem exclusividade na atenção básica, com jornada de 40 horas semanais. “É um programa que não vai admitir que qualquer profissional entre numa unidade de saúde e queira trabalhar lá um dia por semana, ou dar uma passadinha lá de manhã e não ficar lá o dia inteiro. Esse programa vai ajudar a moralizar o atendimento de saúde para o nosso povo, sobretudo o povo que precisa.”

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

CARTILHAS SOBRE "ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO


CARTILHAS SOBRE "ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO
ENTRE>>http://www.assediomoral.org/spip.php?rubrique68


==============================

Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.

A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto. Tema da sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de 2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações".

A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde então o tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical e no âmbito do legislativo.

Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien". O livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o título Assédio moral: a violência perversa no cotidiano.

Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios do país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal, há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei.

O que é humilhação?

Conceito: É um sentimento de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a, submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento.

E o que é assédio moral no trabalho?

É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras,repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima.

Em resumo: um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Este, pressupõe:
  1. repetição sistemática
  2. intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego)
  3. direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório)
  4. temporalidade (durante a jornada, por dias e meses)
  5. degradação deliberada das condições de trabalho
Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato, devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos.

O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do ’novo’ trabalhador: ’autônomo, flexível’, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar ’apto’ significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ’mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

(*) ver texto da OIT sobre o assunto no link:http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/inf/pr/2000/37.htm
Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: Fapesp; PUC, 2000.

domingo, 8 de setembro de 2013

O GRITO DOS EXCLUÍDOS!

O ato terminou com a ocupação pacífica do Monumento às Bandeiras

Grito dos Excluídos reúne 8 mil e pede fim da violência na periferia

Manifestantes criticam extermínio dos jovens negros nas regiões mais pobres de São Paulo, em ato na Avenida Paulista; 'Juventude' foi tema central do protesto deste ano

São Paulo – Entoando gritos de “a juventude que ousa lutar constrói o projeto popular”, 8 mil pessoas marcharam hoje (7) da Praça Oswaldo Cruz à Assembleia Legislativa de São Paulo, no Grito dos Excluídos, que há 19 anos reúne trabalhadores e movimentos sociais em um ato alternativo aos desfiles oficiais de 7 de setembro. Em um protesto pacífico, os manifestantes pediam o fim da violência na periferia, em especial dos assassinatos de jovens negros cometidos pela polícia.

“O Mapa da Violência de 2012 mostra que os jovens negros são as principais vítimas dos homicídios nos centros urbanos, 53% do total”, diz a carta do Grito dos Excluídos 2013, que teve como tema central a Juventude. “Responsável por parte significativa dessas mortes, a polícia paulista mata mais que toda a polícia dos Estados Unidos”, continua o texto. 

“O extermínio da juventude negra mata mais do que muitas guerras por aí”, afirmou o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Raimundo Bonfim. “A juventude é a maior vítima do capital. Os jovens são os que ficam com os piores empregos, piores salários e piores serviços de educação e saúde.”
Ele lembrou que o Grito dos Excluídos começou em 1995, em protesto ao projeto econômico neoliberal, que ganhava força na época, com o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).  “Queríamos mostrar que havia uma força grande contrária a isso no país. Escolhemos 7 de setembro para lembrar que a independência substancial ainda não aconteceu, e só acontecerá quando todos tiverem acesso a saúde, educação e ao poder público.
Paralelo ao ato da Avenida Paulista, outro protesto do Grito dos Excluídos reuniu manifestantes na Praça da Sé, encabeçado pelas Pastorais Sociais. Segundo Bonfim, é positivo que aconteçam atos diferentes na cidade em prol dos mais pobres. “Queremos a inclusão, mas não pelo consumo e sim pela cidadania”, bradou.

Protesto em paz

Os manifestantes se concentraram desde às 8h30 e ocuparam a Avenida Paulista, que foi fechada, por volta das 10h. Eles seguiram pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio, com acompanhamento da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Tráfego, até o Parque do Ibirapuera.
Participaram representantes da Central dos Movimentos Populares, da Marcha Mundial de Mulheres, do Movimento dos Sem-Teto do Centro, do Movimento de Moradia do Centro, do Levante Popular da Juventude e da União dos Movimentos de Moradia.
“A pauta da classe trabalhadora é extensa e queremos mostrar que há uma juventude que luta por ela”, disse a estudante de Direito, Beatriz Loureiro, de 24 anos, que participava do ato na Paulista. “Essa é uma alternativa ao 7 de setembro militarizado. Não faz sentido comemorá-lo assim quando temos uma polícia militar que mata a juventude negra.”
A secretária de comunicação da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo, Adriana Magalhães, lembrou que os jovens são os que mais sofrem com a perda de direitos trabalhistas. “Eles são a maioria dos terceirizados e dos desempregados”, disse. “Por isso estamos aqui pedindo o fim do Projeto de Lei das terceirizações (4330).”
O estudante de Economia Matias Domingo, de 20 anos, que participou do ato neste ano pela primeira vez, lembrou que o tema central da marcha é relevante por trazer à tona outros problemas sociais. “A questão dos jovens é transversal. Quando se fala neles falamos de acesso a educação, saúde e cultura”, disse. “Queremos lembrar a direita que o povo não acordou agora. Os trabalhadores e os movimentos sociais estão nas ruas há anos, lutando por direitos.”
A estudante de Direito Yasmin Casconi, de 24 anos, concordou. “Os movimentos sociais nunca dormiram. Há toda uma história de conquistas sociais.” Para o coordenador do Levante Popular da Juventude, Pedro Freitas, a onda de manifestações foi um incentivo para que a juventude participe mais da política do país. “Nossos grupos de discussão tem aumentado”, disse. “Hoje estamos aqui contra o extermínio da juventude negra e pobre e pelas cotas sociais e raciais nas universidades públicas do estado de São Paulo.”
O ato terminou com a ocupação pacífica do Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera, uma obra que representa os bandeirantes no Brasil colonial. Ele foi tomado por faixas pedindo o fim da violência nas periferias, habitação digna e apoiando o programa Mais Médicos, do governo federal, que prevê levar profissionais para regiões pobres e isoladas onde não há médicos.

sábado, 7 de setembro de 2013

"AOS QUE APOSTARAM CONTRA"

Dilma abre desfile de Sete de Setembro, em Brasília

Os quem apostaram contra falharam, diz Dilma em pronunciamento

Presidenta responde “aos que apostaram” no aumento do desemprego, na inflação e em crescimento negativo, afirma que o pior do cenário econômico já passou e vê pactos pós-manifestações avançando

A presidenta Dilma Rousseff comemorou resultados econômicos alcançados nas últimas semana e afirmou que o governo precisa ter humildade para entender o direito da população de reclamar e de se manifestar, autocrítica para reconhecer que o país que ainda precisa melhorar muito seus serviços públicos. Mas assinalou que há muitos avanços a serem observados.
Em dez minutos do tradicional pronunciamento, além do breve balanço geral apresentado, Dilma endereçou alguns recados específicos. Ao colunismo econômico, reafirmou que a economia está firme e, apesar do cenário internacional adverso, cresceu no primeiro semestre mais que os ricos EUA, Alemanha e que os concorrentes emergentes, como México e Coreia do Sul. “Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento”, disse, acentuando que “falhou” quem apostou o contrario.
A presidenta também alinhou-se ao clima de manifestações instalado para o 7 de setembro, ao falar em humildade e autocrítica do governo para reconhecer a precariedade dos serviços públicos e o direito das pessoas de protestar. As palavras escolhidas dão entender que vai também um recado aos órgãos de imprensa que carregam nas notícias negativas na tentativa de minar a aprovação do governo. “Não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos”.
Mesmo lembrando mais o tom confiante de pronunciamentos feitos antes de junho, Dilma incorporou o ambiente pós-onda de protestos. “Estamos aprofundando os cinco pactos para acelerar melhorias na saúde, na educação e no transporte, e para aperfeiçoar a nossa política e a nossa economia”, listou. Mas foi direta, logo na abertura da fala, aos que tentam se apropriar do clima com vistas a influenciar as eleições de 2014: “Hoje, nosso Grito do Ipiranga é o grito para acelerar o ciclo de mudanças que, nos últimos anos, tem feito o Brasil avançar. O povo quer, o Brasil pode e o governo está preparado para avançar nesta marcha”a
Houve ainda um recado para o Congresso Nacional, no que diz respeito às preferências da presidente em torno do balaio de propostas e torno de um reforma política. Dilma foi categórica em defender o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) elaborado por parlamentares do PT, PCdoB, PSB, e PDT e que obteve mais de 180 assinaturas, o bastante para ser entregue na Diretora da Câmara na semana passada para poder tramitar. O projeto prevê plebiscito em torno de temas caros aos movimentos sociais, como o fim do financiamento privado de campanhas.
 Leia a íntegra
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Há 191 anos o Brasil viveu sua primeira grande mudança política. Deixou de ser uma colônia para se transformar em um país independente. Hoje, nosso Grito do Ipiranga é o grito para acelerar o ciclo de mudanças que, nos últimos anos, tem feito o Brasil avançar. O povo quer, o Brasil pode e o governo está preparado para avançar nesta marcha.
2013 tem sido um ano de intensos desafios políticos e econômicos aqui e no resto do mundo. Apesar da delicada conjuntura internacional, nossa economia continua firme e superando desafios. Acabamos de dar uma prova contundente. No segundo trimestre fomos uma das economias que mais cresceu no mundo. Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados Unidos e a Alemanha. Ultrapassamos a maioria dos emergentes e deixamos para trás países que vinham se destacando, como o México e a Coreia do Sul.
O melhor é que crescemos em todos os setores, e a indústria e os investimentos mostraram franca recuperação. Falharam mais uma vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo. Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento.
A inflação está em queda. Os índices de julho e agosto foram baixos e a cesta básica ficou mais barata em todas as 18 capitais pesquisadas. Vamos fechar 2013 com uma inflação, mais uma vez, dentro da meta, o décimo ano consecutivo em que isso ocorre. O emprego continua crescendo. Já geramos 900 mil vagas este ano e mais de 4 milhões e 500 mil desde o início do meu governo.
Estamos também tomando medidas eficazes para conter as oscilações bruscas do dólar, que afetam a economia de todos os países emergentes, sem exceção. Essas oscilações são decorrentes de alterações da política monetária americana e afetam a todos. A situação ainda exige cuidados, porém há sinais de que o pior já passou. Não vamos descuidar um só instante. Vamos manter o equilíbrio fiscal, o estímulo ao investimento, a ampliação do mercado interno e a garantia de nossas reservas internacionais para estabilizar as flutuações do mercado cambial.
Meus amigos e minhas amigas,
Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças.
Mas há, igualmente, um Brasil de grandes resultados, que não podemos deixar de enxergar e reconhecer. Não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos.
Infelizmente ainda somos um país com serviços públicos de baixa qualidade. Estamos aprofundando os cinco pactos para acelerar melhorias na saúde, na educação e no transporte, e para aperfeiçoar a nossa política e a nossa economia.
O Pacto da Educação já garantiu 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação. Esse será um dos maiores legados do nosso governo a gerações presentes e futuras, e vai trazer benefícios permanentes à população brasileira por um período mínimo de 50 anos.
Já o Pacto do Transporte Público vai significar, no curto e médio prazo, obras e projetos capazes de melhorar a mobilidade e o transporte coletivo nas nossas maiores cidades. Isso significa mais metrôs, monotrilhos, corredores de ônibus e VLTs.
O Pacto pela Estabilidade Fiscal está mobilizando nossos esforços para manter equilibradas as contas públicas e a inflação sob controle. Isso é fundamental para que o Brasil cresça e continue gerando empregos.
O Pacto da Reforma Política e Combate à Corrupção acaba de dar um bom passo com a proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito. Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais democracia. Isso passa, necessariamente, pela reforma das práticas políticas em todos os níveis. Só assim poderemos acabar com o desmando e combater, sem tréguas, a corrupção como queremos e como o Brasil necessita.
Minhas amigas e meus amigos,
O Pacto da Saúde irá produzir resultados rápidos e efetivos. O Mais Médicos está se tornando realidade, e tenho certeza de que, a cada dia, vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste programa. Especialmente você que mora na periferia das grandes cidades, nos pequenos municípios e nas zonas mais remotas do país, porque você conhece bem o sofrimento de chegar a um posto de saúde e não encontrar médico, ou ter que viajar centenas de quilômetros em busca de socorro.
O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre. Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um médico em um posto de saúde.
A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde.
O Brasil deve muito a seus médicos, o Brasil deve muito à sua Medicina, mas o país ainda tem uma grande dívida com a saúde pública e essa dívida tem que ser resgatada o mais rápido possível.
Queridas brasileiras, queridos brasileiros,
Esse é um momento que exige coragem e decisão em todos os sentidos. A coragem é irmã da liberdade e mãe de todas as mudanças. Esse é um momento de fazer o governo chegar cada vez mais perto do povo, e do povo participar cada vez mais das decisões de governo. Mais que nunca, o Brasil está aprendendo que o que importa não é termos problemas. O importante é termos as soluções, e mais soluções estão a caminho.
Ainda este mês, vamos fazer novos leilões de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Esses leilões vão injetar bilhões e bilhões na economia, gerando centenas de milhares de empregos.
Vamos também leiloar, em outubro, um imenso campo de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra. Para vocês terem uma ideia, ao longo dos últimos cem anos de exploração do petróleo no Brasil, acumulamos, de reservas, 15 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Vejam vocês, só o Campo de Libra tem um potencial de reserva entre 8 a 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Para sua exploração será exigida grande mobilização de recursos, como, por exemplo, a construção de 15 a 17 plataformas. Assim, vamos estimular toda a cadeia produtiva e gerar milhares e milhares de empregos.
Além disso, os royalties das áreas já em exploração e daquelas descobertas neste e em outros campos vão gerar recursos gigantescos para a educação. Mais creches, alfabetização na idade certa, escolas em tempo integral, ensino médio profissionalizante, mais vagas em universidades, mais pesquisa e inovação, e professores mais preparados e bem remunerados, tudo isso requer mais investimentos e recursos.
Devemos transformar a riqueza finita do petróleo em uma conquista perene da nossa sociedade. A educação é a grande estrada da transformação, a rota mais ampla e segura para o Brasil seguir avançando e assegurando oportunidades para todos, o verdadeiro caminho da independência.
Viva o Sete de Setembro! Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!
Obrigada e boa noite.
por Redação RBA publicado 07/09/2013 09:56, última modificação 07/09/2013 10:01
>>
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2013/09/os-quem-apostaram-contra-falharam-diz-dilma-em-pronunciamento-8226.html