domingo, 10 de fevereiro de 2013

FALTA A DILMA CRIAR O 'EXISTE DIÁLOGO EM BRASÍLIA'


Dia 06/02, o secretário municipal da cultura de São Paulo Juca Ferreira (que foi ministro da Cultura de Lula), reuniu cerca de mil cidadãos, militantes da área cultural, muitos da periferia, para debater as ações, rumos e prioridades da secretaria que acaba de assumir. Isso é participação popular e democracia de verdade. Quando o cidadão é chamado a contribuir para a construção de uma política pública, aquela política deixa de ser apenas de governo e passa a ser de todos, da sociedade.(foto: Auditório lotado em SP para debate construção de política cultural pública em São Paulo: exemplo de ação que deveria se reproduzir pelo país (SMCSP)
Não por acaso, o evento se chamou "Existe diálogo em São Paulo", e não foram só as mil pessoas que lotaram o auditório que o acompanharam. Milhares de outras estiveram virtualmente presentes, já que tudo foi transmitido pela internet, e participaram dos debates pelo Twitter, com a hashtag #ExisteDialogoEmSP.
Isso é fazer política com "P" maiúsculo. Há outras promessas animadoras do prefeito Fernando Haddad nesse mesmo rumo, como os gabinetes digitais, pelos quais a população deverá interagir com os gestores de cada secretaria, criando um canal direto para os cidadãos levarem suas reivindicações aos seus representantes no governo.
Além disso, Juca deu uma prova viva e prática de que comunicação governamental não é propaganda, como já disse Haddad. Ele mostrou mostra que não há nada mais "técnico" em um secretário ou ministro do que ser político, no sentido de usar as ferramentas gerenciais a serviço do que a população quer e espera que um governo faça. Até quando não é possível fazer tudo, é mais fácil para o cidadão entender o porquê das impossibilidades se ele participa e é ouvido no processo.


Queremos #ExisteDialogoEmBrasília

É esse tipo de efervescência que sentimos falta no governo Dilma. A presidenta, pessoalmente, desfruta de boa avaliação junto à população. A aprovação pessoal é maior do que a aprovação de seu governo. Isso recomenda liberar mais o "instinto" político de cada ministro para interagir mais e comunicar melhor com o povo.
Há ministros do STF que quase se escondem da imprensa e mesmo assim aparecem mais do que ministros do poder executivo, políticos experientes, que acumulam expressiva votação popular em seus estados, e que estão desenvolvendo políticas públicas importantíssimas, mas mal chegam ao conhecimento da maioria da população.
Por que isso? Não sei, mas só pode ser diretriz de comunicação do governo, para evitar ruídos. A intenção pode ser boa no sentido de afinar e unificar o discurso e evitar trapalhadas, mas o efeito colateral é muito pior, pois a comunicação de muitos ministérios fica tão oficial que fica parecendo ordem do dia de quartéis (sem nenhum demérito para as liturgias militares, mas são próprias para tropas), e a mensagem chega a poucos.
Some-se a isso o impacto da demissão no Ministério da Justiça de um adjunto no início do governo por causa de uma entrevista dele, com opiniões pessoais desencontradas com as diretrizes do governo. Era só uma entrevista relativamente inofensiva, que poderia ser consertada com uma nota dele e do ministério. Mas a radical demissão parece ter sido exemplar para manter as bocas fechadas na esplanada dos ministérios e no Planalto, interditando boa parte da comunicação com o povo.
Com isso, prejudica a liderança e dimensão política dos ministros nas suas bases. Além desse dano, a própria presidenta pode sofrer com essa menor projeção de seus correligionários na hora de montar palanques nos estados em 2014.
Em 2013, a presidenta Dilma está participando mais de eventos junto à população, está se reaproximando mais dos movimentos sociais e centrais de trabalhadores. Isso é muito bom, que aprofunde. Mas também libere a Marta para fazer igual ao Juca Ferreira, libere a Helena Chagas para criar uma sub-secretaria de democratização das comunicações, pelo menos para incentivar o controle remoto ter mais opções, inclusive para mais pessoas terem a internet como opção, e jovens jornalistas que saem todos os anos das universidades tenham mais campo de trabalho.
 Ah!... E onde andam aquelas conferências nacionais que bombavam no governo Lula?

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