quarta-feira, 21 de novembro de 2012

COMBATE AO RACISMO NA CUT/SP: LUTA ANTIGA RENOVADA A CADA DIA

São várias as iniciativas da CUT-SP e seus sindicatos para combater o preconceito e buscar a igualdade

Maria Angelica Ferrasoli - CUT/SP
O combate ao racismo não é assunto novo para o movimento sindical cutista, mas a cada dia ganha novas ações nas instâncias da central, subsedes e sindicatos. Em 2009, a CUT/SP criou a secretaria de Combate ao Racismo, sistematizando estas iniciativas e promovendo a troca de experiências em oficinas, seminários e publicações específicas. Desde então, surgiram inúmeras propostas tornadas realidade, e uma dinâmica de debates ininterrupta por parte dos coletivos. Às ações internas somaram-se ainda o esclarecimento e o apoio a grandes temas nacionais, como as cotas nas universidades e a inclusão do ensino das culturas africana e brasileira na grade escolar.
Nos sindicatos cutistas, a preocupação com a temática resultou em campanhas, estudos e atividades de sucesso. São os casos, por exemplo, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que promoveu ampla divulgação sobre a anemia falciforme – doença que acomete principalmente a população negra -; dos Bancários de São Paulo, que produziram o Mapa da Diversidade, esmiuçando a presença e condições dos funcionários afrodescendentes no sistema financeiro, e do Sindicato dos Químicos de São Paulo, que passou a contabilizar o percentual de trabalhadores e trabalhadoras negros/as a partir das fichas de associação à entidade. Essas e outras experiências estão detalhadas na revista que a secretaria de Combate ao Racismo da CUT/SP.
A história da luta contra o racismo desenvolvida pelos sindicatos da CUT está, portanto, arraigada em suas entidades, o que faz com que seus dirigentes possam reagir de imediato a qualquer ato ou suspeita de preconceito no ambiente de trabalho, seja denunciando o fato ou acionando a Justiça. Entre os principais objetivos da secretaria de Combate ao Racismo durante esta gestão estão justamente o fortalecimento desta formação, capacitando cada vez mais os diretores sindicais na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
Algumas ações da CUT/SP na luta contra o racismo
31 de maio de 2011 - Seminário “Ação João Cândido – Resistência e Luta”, iniciando campanha para implementação das convenções 100 e 111 da OIT, que tratam da igualdade de remuneração entre homens e mulheres e da discriminação no emprego e na profissão.
28 e 29 de outubro de 2011 - “Projeto Ação João Cândido: Oficina de Capacitação de Dirigentes em Relações Raciais trouxe como desdobramento a continuidade das ações nas subsedes, iniciadas em Campinas e ABC.
4 de novembro de 2011 – Abertura do mês da Consciência Negra com palestra sobe empreendedorismo e entrega do Prêmio João Cândido.
CUT Cidadã Consciência Negra – Atividades e serviços gratuitos para a população, com realização de shows e espetáculos culturais. Em 2009 ocorreu na cidade de Diadema; em São Bernardo no ano seguinte e em Embu das Artes no ano de 2011. O evento, que reúne milhares de pessoas a cada edição, passou a fazer parte integrante da programação da CUT-SP.
Primeiro de Maio Brasil-África – Realizado em 2011, foi marcado por seminários, exposições e shows que abordaram a temática afro-descendente e as raízes brasileiras, com ampla repercussão e a presença de representantes internacionais.
Inclusão de temas voltados para a saúde dos/as trabalhadores/as negros/as. Orientação para implementação de ficha de perfil/diagnóstico dos membros dos coletivos, para conhecer a realidade de cada um no que tange a sua participação em outros fóruns de discussão, seja de trabalho, meio ambiente, cultura, educação, saúde – “conselhos, comitês” -, bem como agregar à temática racial a questão educacional e do meio ambiente como forma de garantir sustentabilidade e justiça social.
Transversalidade da questão etnicorracial nas demais secretarias e projetos das mesmas, a exemplo da Secretaria de Formação, Mulher Trabalhadora, Juventude e Cultura; fortalecimento de ações coletivas com entidades e o movimento negro – Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), comunidades quilombolas; Movimento de Mulheres Negras. Participação na Campanha por uma Infância sem Racismo, realizada pela Assembleia Legislativa e o Movimento Negro da Zona Leste de São Paulo.
registrado em: 


CUT e Sindicato dos Bancários SP no mês da consciência negra

Central prepara série de eventos, como shows e mesas redondas, e bancários agendam cortejo no dia 21

São Paulo – Shows, seminários, mesas redondas, lançamento de cartilhas, cortejos e manifestações fazem parte da programação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para este mês, quando se comemora, em 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra.

A ideia, segundo a secretária nacional de Combate ao Racismo da Central, Maria Julia Nogueira, é promover o diálogo entre as estaduais da CUT e os sindicatos filiados em todo o país para que se consolidem atividades durante todo mês. Sempre no sentido de pensar ações para combater o preconceito e promover a inserção do negro na sociedade.

O Sindicato também terá sua programação, cujo ponto principal é o tradicional Cortejo Afro dos Bancários. O evento será no dia 21, com saída ao meio-dia da sede da entidade até a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, onde haverá benção.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a melhor forma de garantir a entrada do negro no mercado trabalho é estabelecer, nas convenções coletivas dos trabalhadores, cláusulas que garantam igualdade entre trabalhadores brancos e negros, homens e mulheres. “Temos que ter mais ações afirmativas. Há uma dificuldade dos sindicatos compreenderem a importância de inserir dentro das suas convenções coletivas e do debate sobre a negociação salarial, cláusulas que abordam a questão racial”, disse Vagner, durante ato da Central pela Igualdade Racial no Trabalho e na Vida, na terça 6, em São Paulo, que marcou a abertura oficial do mês da consciência negra na entidade sindical.

Eunice Léa de Moraes, representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), do governo federal, a luta deve ser balizada em dois aspectos estruturantes: racismo e sexismo. Para ela, é importante o fortalecimento da agenda de combate a "este alto índice de mortalidade das mulheres, da juventude negra e do preconceito e discriminação racial”.

CCT dos bancários – A luta por igualdade de oportunidades já faz parte da agenda dos bancários. O assunto é abordado em cláusulas específicas da CCT da categoria e discutido com periodicidade em mesas de negociação com os banqueiros.

A cláusula 47 estabelece uma comissão bipartite, com representantes dos trabalhadores e empregadores, que tem por objetivo desenvolver propostas contra medidas discriminatórias no ambiente de trabalho. É determinado também que essa comissão realize reuniões trimestrais. Na campanha deste ano, os bancários conquistaram a realização de um novo Censo da Diversidade, com o objetivo de averiguar a situação de negros, mulheres e pessoas com deficiência nas empresas, e comparar com o primeiro censo, realizado em 2008, para prever ações que reforcem igualdade de oportunidade para todos nos bancos.

Cargos e funções - Levantamento sobre a participação de negros nos níveis de funções das 500 maiores empresas brasileiras elaborado em 2010 pelo Instituto Ethos e Ibope dá um panorama do abismo que separa brancos dos negros no Brasil. Os trabalhadores negros ocupam 5,3% dos cargos executivos, 13,2% das gerências, 25,6% dos cargos de supervisão e 31,1% das ocupações no quadro funcional.

Outro levantamento, feito por em 2008 em quatro regiões metropolitanas do Brasil por um convênio entre o Dieese e a Fundação Seade, mostra que os trabalhadores negros apresentam índices percentuais maiores do que os de trabalhadores não negros somente em tarefas de execução, de apoio ou mal definidas.

Redação, com informações da CUT e Rede Brasil Atual - 7/11/2012

Um comentário:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.