sábado, 12 de dezembro de 2009

AS DUAS FACES DO NATAL



O contraste social desenha um Natal com duas faces, aliás, não só nessa época. Mas em se tratando de um momento que contagia o ser humano e embala os seus sonhos, é preciso uma reflexão distinta.

As mansões cercadas de luzes e no seu interior a mesa é farta, com delicias natalinas à vontade. No estalar das taças de cristal com o melhor Champagne, brinda-se à noite de gente corada e despreocupada com o amanhã.

Na mesma rua quem sabe, de forma mais modesta, famílias inteiras também se alegram sob a melhor roupa e presenteiam suas crianças e amores.

Um pouco mais distante, na casa de um modesto trabalhador, reúnem-se a mulher e os filhos, felizes pelo pai que pode dar um simples brinquedo com o ganho de um salário a mais e, sob a mesa, alguns doces, salgados e bebida espumante que vieram numa cesta básica de Natal, carregada nas costas o ano inteiro. Esmola enfeitada.

Mais adiante, os solitários que nada comemoram em seus quartos de pensão, vão dormir mais cedo para nada ouvirem ou pensarem.

Na medida em que se avança e se aproximam os bolsões de miséria, o Natal é comemorado nas garrafas de aguardente e os fogos são os estampidos das balas.

Nas esquinas, nas valas dos viadutos e nas calçadas frias, da Metrópole governada pelos defensores das elites, existe um sub mundo que abarca a exclusão social de forma cruel, onde não há sonhos e nem presente ao pé de uma árvore de Natal.

Não sou contra os que podem, mas condeno ferrenhamente os abutres que vivem sob a fortuna da corrupção, enquanto as necessidades de uma multidão não são atendidas.

A esperança dos miseráveis está na existência de Deus.

(Wagner Marins)

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