terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SP: Ano letivo começa com 20 mil fora da pré-escola


NunKassab e Kassabão
A rede municipal de ensino iniciou ontem o ano letivo de 2011 com 120 mil crianças fora da sala de aula. São 100.401 na fila da creche e outras 19.871 à espera por uma matrícula na pré-escola. A faixa etária que sofre com a falta de vagas vai do zero aos seis anos.

O número pode ser maior, já que a prefeitura não contabiliza quem está sem estudar porque as opções oferecidas pela rede ficam longe de casa. É o caso de Stênio da Silva Souza, 10 anos. Ontem, ele deveria ter iniciado o 5º ano do ensino fundamental.

"Ele estudava pertinho de casa até o ano passado, na Emef [Escola Municipal de Ensino Fundamental] Casarão. Agora, foi transferido para a Emef Dom Veremundo Toth, que fica longe, a cerca de 45 minutos caminhando. Eu trabalho e tenho medo de deixá-lo ir sozinho", diz a mãe Cícera Leite da Silva, 47 anos, que é auxiliar de limpeza e mora em Paraisópolis (zona oeste de SP).

O prefeito NunKassab completou seis anos a frente da prefeitura da capital paulista e ainda declara que a meta é zerar a falta de vagas. Em quem você acreditou eleitor? No homem ou no boneco?

(Com o jornal Agora)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ALMANAQUE DA MULHER - A INCRÍVEL JORNADA

Disponibilizo aqui excelente publicação da Central Única dos Trabalhadores-CUT, o ALMANAQUE DA MULHER-A INCRÍVEL JORNADA, material integrante da campanha pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

O Almanaque encontra-se no formato PDF (Google Docs), dividido em 5 partes, com acesso através dos links abaixo.

- Acessar Almanaque - 

Recomendo a leitura!

Wagner Marins.

O trabalho doméstico remunerado na América Latina

Nota publicada pela OIT (Oraganização Internacional do Trabalho) sobre o trabalho doméstico, com dados como salário médio e taxa de prevalência por país. Na América Latina, 14 em cada 100 mulheres que trabalham fora de casa são empregadas domésticas. 

Profissão mais comum entre as mulheres latino-americanas, o trabalho doméstico é uma das ocupações que apresentam o maior nível de descumprimento das normas trabalhistas. 

Diante desta realidade, a OIT iniciou discussões sobre a adoção de um instrumento internacional para garantir os direitos das trabalhadoras domésticas. 

A proposta de uma Convenção e/ou Recomendação sobre o tema será debatida em junho de 2011, na próxima conferência internacional do trabalho. O Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia apoia ações da OIT para promover o reconhecimento institucional do trabalho doméstico.

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2011 começa exaltando revoltas populares no Egito e Tunísia


Mobilizações no Norte da África e Oriente Médio inspiram participantes do FSM 2011 na busca por alternativas e pela superação de governos tiranos; aberto neste domingo (6), no Senegal com forte presença das mulheres africanas, Fórum deverá reunir cerca de 50 mil pessoas de 123 países, e contará nessa segunda-feira com a presença do ex-presidente Lula, que estará na mesa "A África na geopolítica mundial" ao lado do presidente senegalês.


DACAR, SENEGAL – A 11ª edição do Fórum Social Mundial foi aberta neste domingo (6) em Dacar, capital do Senegal, com a agenda de debates renovada pelos protestos pró-democracia no Norte da África e no Oriente Médio.

Ao final da tradicional marcha de abertura, entre os arredores da grande mesquita local (95% dos senegaleses são mulçumanos) e a Universidade de Dacar, onde acontece o encontro, ativistas de Tunísia e Egito dividiram o palco com personalidades como o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o senegalês de origem tunisiana Taoufik Ben Abdallah, um dos responsáveis por levar o Fórum pela segunda vez à África.

Em discurso emocionado, o advogado tunisiano Trifi Bassem, ativista pelos direitos humanos em seu país, disse que a revolta popular que derrubou o ditador Ben Ali, em janeiro, pode inspirar outros povos que vivem sob regimes autoritários a se mobilizarem. A queda do ditador pôs fim à repressão de 23 anos baseada "em tiros de bala, cacetetes e gás lacrimogênio", disse ele.

Em entrevista à Carta Maior, Bassem, que integra uma delegação de 20 tunisianos presentes em Dacar, afirmou que "subiu ao palco para transmitir um pouco da energia e do sonho que tenho pela libertação do povo do meu país". Para ele, "o formidável e interessante no Fórum é que todo mundo se encontra, troca experiências, idéias e sonhos, os mesmos sonhos que o povo tunisiano sonhou".

No mesmo tom, o representante do Egito disse que seu povo "mostrou que tem coragem para pagar o preço da liberdade". Ele, que há dois dias estava na praça Tahrir, palco dos protestos contra o presidente Hosni Mubarak, no centro do Cairo, explicou que a "revolução" não cessará enquanto tudo não ficar "preto no branco". "O bravo povo egípcio mostrou que tem coragem para pagar o preço da liberdade. Mais de 300 pessoas já morreram nesta luta suja. Não sei o que vai acontecer amanhã, mas o passo da revolução vai continuar", concluiu.

Conflitos, alternativas e Lula no Fórum

Falando em nome da organização do Fórum, Taoufik Ben Abdallah tem afirmado que o encontro refletirá os conflitos no mundo árabe e tratará das alternativas populares e democráticas e dos valores universais.

Entre as atividades em planejamento, um grupo de ativistas ligados à imprensa alternativa promete para esta segunda-feira (7) um link ao vivo entre Dacar e a Praça Tahrir, no Egito. A programação oficial ainda não foi divulgada, mas as 1.205 organizações inscritas no evento já contam em mãos com um cronograma provisório e cuidam elas mesmas de anunciar suas atividades.

O Fórum Social Mundial de 2011 deve receber participantes de 123 países, além da Palestina e Curdistão, entre os dias 6 e 11 de fevereiro. A expectativa do Comitê Organizador é que 50 mil pessoas se reúnam para as atividades. Os temas a serem debatidos envolvem gastos militares, crise alimentar, desenvolvimento, agricultura familiar, saúde, seguridade social, acesso à água e a saneamento.

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva participará do Fórum deste ano ao lado do presidente do Senegal, Abdou Layewade. Ambos estarão na mesa "A África na geopolítica mundial", marcada para acontecer nesta segunda-feira (7), das 12h30 às 15h30 locais (2h a mais de fuso em relação à Brasília). A presidenta Dilma Rousseff não virá ao Senegal e está sendo representada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Marcha de abertura

As lutas pró-democracia no Norte da África e no Oriente Médio marcaram forte presença na marcha de abertura do Fórum. "Ficamos surpresos com tudo o que aconteceu lá", afirmou Hanane Gareh, representante da Confederação Democrática do Trabalho do Marrocos (CDT), a maior central sindical do país. "Quando um povo se levanta e passa a lutar por seus direitos, não há como não os apoiar. Ninguém imaginava que isso podia acontecer no Egito e na Tunísia", disse ela à Carta Maior, enquanto carregava uma bandeira da CDT.

Gareh não considera, porém, que os conflitos possam atingir o Marrocos – uma monarquia constitucional. Segundo ela, as liberdades civis e políticas são garantidas no país, em que haveria disputa entre os partidos e abertura para protestos e greves. "Mas isso não significa que não haja muito o que melhorar", ressalta ela. Algo demonstrado, por exemplo, na luta do povo saharaui pela independência do Saara Ocidental frente ao Marrocos, que controla a área desde a década de 1970, após a saída da Espanha.

Mulheres na marcha

Em uma marcha marcada pela grande presença das mulheres africanas, ativistas apresentaram outros temas que serão discutidos no Fórum. A jornalista brasileira Terezinha Vicente, militante da Ciranda da Comunicação Independente e da Marcha Mundial das Mulheres, apontou a violência contra a mulher como uma questão essencial, sobretudo na África.

"Em vários países africanos em conflito, o estupro é uma arma de guerra. Em outros, a prostituição é um saída contra a pobreza", disse Terezinha, que aponta que 70% dos pobres do mundo são mulheres – ou seja, "a pobreza é feminina", pontuou.

O agricultor e criador Ibrahime Balde, da região de Kolda, sul do Senegal, reafirmou sua luta por melhores condições para se produzir em seu país. Dono de dois hectares de terra, ele tem um objetivo claro: "Eu quero o mesmo que os agricultores europeus possuem, o mesmo desenvolvimento", afirmou à Carta Maior. Para disso, escolheu militar em uma organização da sociedade civil de sua localidade, apesar das sugestões para que se envolvesse com a política tradicional. "É o que me dizem, mas eu não gosto dela".

Um outro tema presente na marcha, em faixas e nas camisas dos militantes, foi a educação. Magueye Soue, membro do Grupo para o Estudo e a Educação da População, uma ONG senegalesa, contou que sua entidade possui parceria com as Nações Unidas e mantém, entre outros projetos, pesquisas sobre desnutrição de crianças. "O Fórum será uma oportunidade para conhecer outros projetos parecidos", disse ele.

Já a finlandesa Fanny Bergmann, voluntária na associação Action Enfance Senegal, afirmou que é difícil falar sobre um Fórum que ainda iria começar, mas espera avanço nos debates e iniciativas contra a exploração do trabalho infantil – infelizmente ainda tão comum em Dacar.

Na capital senegalesa, Fanny, que é estudante de Literatura Francesa, dá aulas de inglês e artes École Associative de Ndiagamar, dedicada a crianças carentes nesse subúrbio pobre da cidade, onde vivem 70 mil pessoas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Entenda a crise no Egito


Inspirada na Tunísia, população vai às ruas exigir o fim do regime de Hosni Mubarak
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, anunciou nesta sexta-feira (28) que formaria ainda neste sábado (29) um novo gabinete de ministros, após ter demitidos todos eles, incluindo o primeiro-ministro egípcio, Ahmad Fuad Mohieddin, ontem. A medida é uma tentativa de encerrar a crise em que o país se encontra desde terça-feira (25), quando manifestantes e policiais entraram em choque, em confrontos que se tornam cada vez mais violentos.
Mubarak, como presidente, é o chefe de Estado do Egito, enquanto Mohieddin é o chefe de governo. O primeiro-ministro e o gabinete de ministros são indicados pelo presidente, que pode desfazer o gabinete e convocar novos membros.
Os protestos, que se espalham pelo país, têm o objetivo de forçar a saída de Mubarak - no poder desde 1981.
O governo decretou toque de recolher no país ontem e colocou o Exército nas ruas da capital, Cairo, para garantir a ordem nas ruas. O toque já foi ampliado hoje, e agora vai das 16h (11h em Brasília) às 8h (3h em Brasília). As Forças Armadas já pediram à população egípcia que evite participar de manifestações públicas e respeite o toque de recolher.
Em um comunicado, o ministério argumenta que o pedido se justifica pelas “ações de sabotagem e violência” que estão sendo registradas nas últimas horas no país, e adverte que os infratores “enfrentarão sanções judiciais”.
O número de mortos no país, em meio aos protestos, já é de ao menos 30 pessoas, segundo fontes médicas. Os números são desencontrados, no entanto: o Ministério da Saúde, por exemplo, fala em 38 mortos; a polícia, em 35; e outras fontes variam de 27 a até 74 – este último dado é de uma contagem feita pela agência de notícias Reuters.
A rede britânica BBC disse que as manifestações acontecem em ao menos nove cidades do país.
Medida insuficiente
O grupo Irmandade Muçulmana já declarou que a destituição dos ministros é “apenas um passo” antes de aceitar as reivindicações da oposição e do povo. O porta-voz do grupo, Walid Shalabi, disse à agência de notícias Efe que espera um “governo que tenha interesse em lançar as liberdades públicas, que resolva o problema do desemprego e que não trabalhe em benefício de um só grupo”.
O líder opositor e prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, afirmou, por sua vez, em entrevista à rede France 24, que Mubarak “deve ir embora”.
- O presidente Mubarak não entendeu a mensagem do povo egípcio (...) Seu discurso foi totalmente decepcionante. Os protestos irão continuar com ainda mais intensidade até que o regime de Mubarak caia.
Ele voltou de Viena (capital da Áustria) e foi ao Cairo para participar da mobilização popular, mas foi detido. Segundo a Jazeera, ElBaradei estava ontem  em uma mesquita, e quando tentou sair dela foi impedido pela polícia. O diplomata egípcio é pró-Ocidente, tem apoio das classes mais altas e intelectualizadas e já anunciou sua disposição em assumir um eventual governo provisório, caso Mubarak seja derrubado. Esse é o grupo que engrossa as manifestações.
Já a Irmandade Muçulmana é um grupo fundamentalista islâmico, ligado ao Hamas palestino, e foi posto na clandestinidade por Mubarak, sob pressão do Ocidente. Eles defendem a adoção de leis religiosas no Egito, baseadas na sharia (código islâmico, baseado no Corão).
Segurança não pode conter a revolução, diz político
Mostapha al Fekki, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia, também membro do Partido Nacional Democrata no poder, pediu oontem a Mubarak que faça "reformas sem precedentes" para evitar uma revolução no Egito.
- Em nenhuma parte do mundo a segurança é capaz de pôr fim à revolução. O presidente é a única pessoa que pode pôr fim a esses acontecimentos.
Mubarak nunca, em sua administração, enfrentou tamanha onda de protestos. Os egípcios pedem sua saída e a implantação de uma democracia real, sem eleições fraudulentas, uma acusação que pesa sobre o governante egípcio.
Em novembro deste ano, o país deve passar por eleições presidenciais e Mubarak é um possível candidato. Outro nome cogitado é o de seu filho, Gamal.
Apoio
Em seu apoio, Mubarak já recebeu até o momento a declaração do rei a Arábia Saudita, Abdullah Bin Abdulaziz Al Saud.
O rei, que está no Marrocos recuperando-se de uma cirurgia na coluna realizada nos Estados Unidos, condenou aqueles que "bagunçam" a segurança e a estabilidade do Egito.
Abdullah telefonou na manhã de hoje para Mubarak. Durante a conversa, o rei denunciou "intrusos" que estariam "bagunçando a segurança e a estabilidade do Egito (...) em nome da liberdade de expressão".
Egito é aliado ocidental em região turbulenta
Mesmo sendo um regime autoritário, o Egito é um dos principais aliados dos Estados Unidos e da Europa no mundo árabe. O principal temor do Ocidente é que a Irmandade Muçulmana possa assumir o governo do país.
Além da Jordânia, o Egito é o único país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Qualquer mudança brusca no regime de Mubarak pode tornar mais tensa a política já inflamada da região.