1.
MANHÃ CINZENTA (1968),
Olney São Paulo – Em plena vigência do AI-5, o cineasta-militante Olney São
Paulo dirigiu este filme, que se passa numa fictícia ditadura latino-americana,
onde um casal que participa de uma passeata é preso, torturado e interrogado
por um robô, antecipando o que aconteceria com o próprio diretor. A ditadura
tirou o filme de circulação, mas uma cópia sobreviveu para mostrar a coragem de
Olney São Paulo, que morreu depois de várias sessões de tortura, em 1978.
2.
PRA FRENTE, BRASIL (1982), Roberto Farias – Um homem comum volta para casa, mas é
confundido com um “subversivo” e submetido a sessões de tortura para confessar
seus supostos crimes. Este é um dos primeiros filmes a tratar abertamente da
ditadura militar brasileira, sem recorrer a subterfúgios ou aliterações.
Reginaldo Faria escreveu o argumento e o irmão, Roberto, assinou o roteiro e a
direção do filme, repleto de astros globais, o que ajudou a projetar o
trabalho.
3.
NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984), Murilo Salles – Rodado no último ano do regime militar, a
estreia de Murilo Salles na direção mostra o reencontro entre pai e filho,
depois de oito anos. Um passou anos na prisão; o outro vivia num colégio
interno. Os anos de ausência e confinamento vão ser colocados à prova num
apartamento vazio, onde o filho vai tentar descobrir qual a verdadeira
identidade de seu pai. Um dos melhores papéis da carreira de Claudio Marzo.
4.
CABRA MARCADO PARA MORRER (1984), Eduardo Coutinho – A história deste filme equivale, de certa
forma, à história da própria ditadura militar brasileira. Eduardo Coutinho
rodava um documentário sobre a morte de um líder camponês em 1964, quando teve
que interromper as filmagens por causa do golpe. Retomou os trabalhos 20 anos
depois, pouco antes de cair o regime, mesclando o que já havia registrado com a
vida dos personagens duas décadas depois. Obra-prima do documentário mundial.
5. O
QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (1997), Bruno Barreto – Embora ficcionalize passagens e personagens, a
adaptação de Bruno Barreto para o livro de Fernando Gabeira, que narra o
sequestro do embaixador americano no Brasil por grupos de esquerda, tem seus
méritos. É uma das primeiras produções de grande porte sobre a época da
ditadura, tem um elenco de renome que chamou atenção para o episódio e ganhou
destaque internacional, sendo inclusive indicado ao Oscar.
6.
AÇÃO ENTRE AMIGOS (1998), Beto Brant – Beto Brant transforma o reencontro de quatro
ex-guerrilheiros, 25 anos após o fim do regime militar, numa reflexão sobre a
herança que o golpe de 1964 deixou para os brasileiros. Os quatro amigos,
torturados durante a ditadura, descobrem que seu carrasco, o homem que matou a
namorada de um deles, ainda está vivo –e decidem partir para um acerto de
contas. O lendário pagador de promessas Leonardo Villar faz o torturador.
7.
CABRA CEGA (2005),
Toni Venturi – Em seu melhor longa de ficção, Toni Venturi faz um retrato dos
militantes que viviam confinados à espera do dia em que voltariam à luta
armada. Leonardo Medeiros vive um guerrilheiro ferido, que se esconde no
apartamento de um amigo, e que tem na personagem de Débora Duboc seu único elo
com o mundo externo. Isolado, começa a enxergar inimigos por todos os lados.
Belas interpretações da dupla de protagonistas.
8. O
ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS (2006), Cao Hamburger – Cao Hamburger,
conhecido por seus trabalhos destinados ao público infantil, usa o olhar de uma
criança como fio condutor para este delicado drama sobre os efeitos da ditadura
dentro das famílias. Estamos no ano do tricampeonato mundial e o protagonista,
um menino de doze anos apaixonado por futebol, é deixado pelos pais, militantes
de esquerda, na casa do avô. Enquanto espera a volta deles, o garoto começa a
perceber o mundo a sua volta.
9. HOJE (2011), Tata Amaral – Os fantasmas da
ditadura protagonizam este filme claustrofóbico de Tata Amaral. Denise Fraga
interpreta uma mulher que acaba de comprar um apartamento com o dinheiro de uma
indenização judicial. Cíclico, o filme revela aos poucos quem é a protagonista,
por que ela recebeu o dinheiro e de onde veio a misteriosa figura que se
esconde entre os cômodos daquele apartamento. Denise Fraga surpreende num papel
dramático.
10. TATUAGEM (2013), Hilton Lacerda – A estreia do
roteirista Hilton Lacerda na direção é um libelo à liberdade e um manifesto
anárquico contra a censura. Protagonizado por um grupo teatral do Recife, o
filme contrapõe militares e artistas em plena ditadura militar, mas transforma
os últimos nos verdadeiros soldados. Os soldados da mudança. Irandhir Santos,
grande, interpreta o líder da trupe. Ele cai de amores pelo recruta vivido pelo
estreante Jesuíta Barbosa, que fica encantado pelo modo de vida do grupo.
11. BATISMO DE SANGUE (2007) – Apesar do incômodo didatismo do roteiro, o longa é eficiente em
contar a história dos frades dominicanos que abriram as portas de seu convento
para abrigar o grupo da Aliança Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos
Marighella. Gerando desconfiança, os frades logo passaram a ser alvo da polícia,
sofrendo torturas físicas e psicológicas que marcaram a política militar.
Bastante cru, o trabalho traz boas atuações do elenco principal e faz um
retrato impiedoso do sofrimento gerado pela ditadura.
Fonte Pragmatismo Político
>> http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/11-filmes-para-entender-a-ditadura-militar-no-brasil.html
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